terça-feira, 31 de março de 2009

Sweet child, where do we go now?

Com o risco de parecer minha finada avozinha querida falando, eu me pergunto aonde esse mundo vai parar?

Não sou das pessoas mais otimistas em relação ao planeta. E também não sou daqueles que acham que "o mundo está acabando" porque, francamente, usar a filha como escrava sexual por 24 anos e ter filhos com ela, matar os pais friamente ou invadir uma escola e atirar em crianças indefesas não é privilégio de nossos tempos. É, infelizmente, a característica da raça humana. Desde que nos tornamos um ser pensante, um homo-qualquer coisa, que nos dedicamos a coisas inteligentes, criativas e inovadoras, seja para o bem ou não. (E não era inovador surgir na natureza um ser que mata por prazer?)

Contudo, se tem uma coisa que foge à minha compreensão, que me escapa explicações evolutivas, e que me deixa completamente pessimista em relação ao mundo, é a falta de capacidade do ser humano em enxergar coisa que está aí, aos seus olhos, mais simples e direcionado que cartilha de criança.

Veja bem. Não quero dizer aqui que essas notícias me chocam mais do que atiradores em escola infantil. Mas eu consigo compreender que o tal atirador era uma pessoa doente, que precisava de ajuda, de tratamento, de qualquer meio de contenção e não teve, e acabou permitindo que um lado seu, selvagem e violento, tomasse controle de si. Isso não o isenta, mas explica. É uma visão racional.

Essas notícias, contudo, tem a ver com pessoas supostamente sãs, que por não verem um palmo à frente do nariz, acabam cometendo as mais absurdas idiotices. Vejam, que "delícia" de notícias!

- Marrocos impede acesso à informação sobre homossexualidade

- Vereador do PT do B afirma que homossexuais são "doentes"

- 17% dos terapeutas ingleses tentam "curar" pacientes homossexuais

- Austrália censura beijo lésbico em novela que trata de serial killers e sequestradores

- Parada Gay de Moscou é novamente proibida
- Filme de personagem gay de Sacha Baron Cohen recebe censura alta nos States

Ok, a última notícia é mais uma interpretação minha. Mas não duvido nada que o fato de Bruno ser gay é um dos agravantes à censura do filme.

É uma tristeza enorme ler todas essas notícias. Ver que em lugares diversos (como Marrocos, Rússia e Brasil) a homofobia e, mais longe ainda, o desrespeito aos direitos humanos continua sendo amplamente difundido. Já no caso da Austrália, a coisa tem mais a ver com hipocrisia mesmo. Afinal, essa novela deve ter cenas bem mais fortes do que duas moças se beijando, não? Pois que seja, Deus livre das recatadas senhoras que assistem à novela verem duas garotas se beijando. Por mim, tanto faz as bolachinhas não poderem se beijar na novela, se nosso vereador nos chama de doentes, não é mesmo?

Até quando as coisas vão continuar dessa maneira, hein? Até quando prenderemos, censuraremos, condenaremos, proibiremos e classificaremos como doentes pessoas que são apenas diferentes de nós? Sim, porque estou falando em relação às notícias do lado do vitimado, mas não estou isenta de tomar parte em preconceitos em relação a outros grupos. Nesse post - e nesse blog - puxo a sardinha do direito LGBTT, mas a coisa não para aí. Isso é só mais um direito em meio a centenas de outros discutidos pelo mundo.

Essa sociedade está falida desde seu nascimento. Quando ela deu certo? E é isso que mais me enfurece. Quando lançam mão do discurso de defender "valores" e "costumes" que já não existem há muito tempo, se sequer existiram. E é esses costumes e valores que fazem com que tanta coisa errada aconteça pelo mundo, desde a censura de um beijo lésbico em uma novela ao crime torpe e vil do Monstro Austríaco.

Já passou da hora de a gente ver o que está bem à frente de nossos olhos: que acima de todos os valores e dogmas e costumes judaico-cristãos, capitalistas, tradicionais há uma coisa muito simples: o direito do ser humano. O direito de viver, de pensar, de falar, de amar, de sentir livremente e sem restrições baseadas em uma cartilha falha, injusta e extremamente hipócrita.


Fonte das notícias: Dykerama e Judão.


P.S: Comecei terapia algumas semanas atrás e essa notícia dos terapeutas ingleses me impressionou muito. Que base têm para tratar pessoas que realmente precisam de ajuda quando estão presos em ideias absurdas? E isso vindo de profissionais que deveriam poder enxergar como é sem-sentido tentar "curar" homossexuais...

1 comentários:

P. June disse...

Sinto uma revolta enorme também quando páro pra pensar em tudo isso, em toda essa sujeira, essa hipocrisia, o falso moralismo. Tudo isso me enoja, e trabalhar em uma área que tende à defesa de interesses conversadores e hipócritas é quase vender a alma pro diabo algumas vezes...mas nós vamos botar a boca no mundo, criticar, apontar, dar nossa opinião, conscientizar pessoas e batalhar por um mundo mais justo, racional e igualitário!

 
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